Em Itapevi também tem choro!
Ganhadores do Mapa Cultural Paulista do biênio correspondente a 2015 e 2016 na categoria Música instrumental, o grupo de choro, Chorando na Dezoito mostra sua arte, aguça ouvidos e encanta as noites de Itapevi.
O grupo que se apresenta no Bar Brahma de Itapevi impressiona a muitos por sua qualidade musical, levantando a curiosidade do público boêmio mais interessados sobre o gênero, que, “tipicamente brasileiro, é um dos estilos mais difíceis de se tocar”, como afirma o integrante Juninho Freitas.
A história
Compreendida como a primeira música popular urbana típica do Brasil, o Choro é ligado a época da vinda da Família Real portuguesa em 1808, junto à conte veio ao Brasil instrumentos como o piano, clarinete, violão, a flauta, o bandolim e o cavaquinho. Acompanhadas dos instrumentistas, vieram as danças de salão europeias como a valsa, a modinha, schottisch e principalmente a polca. Em 1850, a abolição do tráfico de escravos foi a condição histórica necessária para o surgimento do Choro com suas bases estílicas no lundu (tipo de canção solista acompanhada por violão ou piano). Por volta de 1870 no Rio de Janeiro, formaram-se os “chorões”, grupos de instrumentistas populares vindos da sociedade média baixa, geralmente funcionários de repartições públicas. Nas primeiras formações os instrumentos adotados foram a flauta, o violão e o cavaquinho, aos poucos passaram dos pagodes de fundos de quintais dos subúrbios cariocas a saraus da elite imperial, imprimindo a cultura afro-carioca e consolidando o estilo.
Há diferentes origens do termo Choro defendida por músicos e pesquisadores, entre eles destaca-se o jornalista, crítico e pesquisador musical, José Ramos Tinhorão que defende que o nome faz referência a sensação de melancolia transmitida pelas baixarias do violão (o acompanhamento na região mais grave desse instrumento). Durante as várias décadas de evolução do Chorinho, vários compositores se destacaram, entre os grandes nomes citamos: Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Waldir Azevedo, Zequinha de Abreu, Ademilde Fonseca e Paulinho da Viola.
O grupo
Juntos há um ano e poucos meses, o grupo recebeu o nome de Chorando na Dezoito em alusão ao nome da praça localizada no coração do centro de Itapevi, praça Dezoito de Fevereiro, onde os músicos se apresentavam. A união dos professores do Centro de Formação Musical de Itapevi, teve como intuito difundir o estilo Chorinho pela região oeste, tão carente dessa vertente. “Nos juntamos para difundir o estilo musical choro que é esquecido aqui, principalmente na zona oeste de São Paulo, se você estivesse na zona Leste, em cada esquina você veria um grupo de choro, mas da lapa pra cá não existe nenhum grupo”, conta Juninho Freitas.
O entrevistado Juninho conta orgulhoso sobre as premiações e homenagens já recebidas pelo grupo – raras por ser uma formação jovem, “temos sorte por já sermos músicos profissionais, geralmente o reconhecimento vem para formações com mais de cinco anos e ensaiando toda semana, hen! ”, diz o músico. As apresentações não param pelo Bar Brahma e eventos, uma quinta por mês Juninho abre as portas de sua casa e recebe amigos e convidados para tocarem sambas tradicionais e autorais. A residência de “Arte e Entretenimento” é conhecida como Casa 26, e famosa por receber os amigos do samba com muito “ziriguidum”, cerveja gelada, caldo quente e samba do bom.
O samba que garante a presença de um público heterogêneo faz levantar a questão sobre qual tipo de público o estilo choro consegue alcançar. Para quem acha que o choro é só para recantos sofisticados com gente elitizada se engana. Juninho defende que essa música deve ser pertencimento de todos, “criança, velho, adulto, mulher, homem, quem é da “pegação”, quem é de dançar, quem é de escutar – choro é pro Brasil, é pro mundo! ”
Juninho Freitas / Cavaquinho Bruno Rodrigues / Violão sete cordas
Alan Donato / Clarinete Michel Donatto / Sax tenor Tiago Galta / Pandeiro
https://www.youtube.com/watch?v=Mg-UZ6HGlok
Fonte Histórica