Melhor do mundo na areia, mira no Rio 2016
Morando em Itapevi, a jogadora treina no time da cidade, nas quadras. Integra o time do Campinas 360º, é do handebol tradicional e das aulas de Educação Física, sua formação acadêmica, que ela tira seu sustento.
Alexandra Nascimento entrou para a história do handebol brasileiro ao conquistar para o país o título de melhor do mundo. Antes dela, porém, uma outra brasileira já havia conseguido esse feito no handebol, mas em uma derivação da modalidade, o handebol de areia, onde o Brasil reina soberano. O nome dela é Patrícia Scheppa. No ano passado, a lateral-direita, de 25 anos, que também atua no handebol de quadra, levou, além do título de campeã mundial, em Omã, a conquista individual ao ser eleita a MVP (jogadora mais valiosa) do Mundial de handebol de areia após a vitória sobre a Ucrânia na decisão.
Patrícia Scheppa conheceu a conterrânea Alexandra Nascimento, melhor do mundo ‘indoor’, e lamenta as dificuldades em sobreviver apenas do esporte. No mês passado, as melhores do mundo se conheceram em São Paulo. Patrícia e Alexandra também têm em comum, além do talento, o fato de terem crescido no mesmo estado, o Espírito Santo. A loira nasceu em Santa Teresa, município do interior, enquanto Alexandra cresceu “capixaba” depois de deixar São Paulo, ainda criança.
– Apesar de ter sido um encontro rápido, foi um prazer conhecê-la. Conversamos pouco, mas pude perceber que Alexandra é uma pessoa muito humilde e fez por merecer seu título de melhor do mundo. Apesar de sermos do mesmo estado, nunca havia me encontrado com Alexandra. Fiquei muito feliz – disse Patrícia.
Morando em Itapevi, São Paulo, a jogadora treina no time da cidade, nas quadras. Afinal de contas, apesar de brilhar no handebol de areia (ela também integra o time do Campinas 360º), é do handebol tradicional e das aulas de Educação Física, sua formação acadêmica, que ela tira seu sustento.
– Sou formada em Educação Física e atualmente dou aula para crianças em um projeto da prefeitura de Itapevi. Sempre fui contratada para jogar handebol de quadra e conheci o handebol de areia depois. É lamentável ser eleita a melhor do mundo no handebol de areia, ser campeã Sul-Americana, Pan-Americana e Mundial e não ter condições de me manter em um clube. No dia 15, vou me apresentar para mais uma fase de treinamento com o Brasil, e me preparei por conta própria, sem apoio – desabafou Patrícia.
Com passagem pela seleção brasileira de quadra, a loira quer dar um passo de cada vez, para quem sabe, conseguir representar o Brasil nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, ao lado de Alexandra, claro. Mesmo assim, não faz disso uma obsessão e vive um dia de cada vez.
– Eu representei o Brasil na quadra, nas categorias juvenil e júnior e cheguei a ir para um desafio internacional, Brasil x Cuba, na categoria adulto. Acredito que toda atleta sonha estar selecionada entre as melhores naquilo que faz. Porém, não sei como seria para o meu rendimento estar em duas seleções. Por isso sigo, dando um passo de cada vez e buscando estar bem. Até 2016 muita coisa pode acontecer – frisou a melhor do mundo na areia.
Começo tardio no handebol de areia
Quando completou 17 anos, Patrícia mudou-se para o Rio Grande do Sul para ser jogadora. Só jogava nas quadras. No mesmo ano, porém, foi convidada por uma amiga para conhecer melhor a modalidade na areia. Gostou e não saiu mais, conquistando o Sul-Americano, o Pan-Americano e o Mundial da modalidade pela seleção brasileira.
– No Espirito Santo, cheguei a ter um primeiro contato com o handebol de areia, porém foi apenas uma vivência. Fui treinar pela primeira fez em Campinas, em 2009, com o Professor Alexandre Almeida, que me ensinou muito sobre a modalidade. A equipe que formamos era toda inexperiente, porém logo ganhamos o Campeonato Paulista. Assim, fui me apaixonando – explicou a jogadora.
Agora que conhece a “conterrânea” Alexandra, a loira espera ter a morena ao seu lado. Elas esperam ajudar o handebol do Brasil através de alguma ação na terra natal de ambas. A ideia ainda é embrionária, mas pode sair do papel.
– Nosso encontro foi muito rápido, e a Alexandra atua em outro país (na Áustria), fica difícil desenvolver algum projeto. Mas vamos conversar sobre a possibilidade. Considero importante para o desenvolvimento da modalidade, tanto na quadra quanto na areia. Queremos promover um encontro no nosso estado para termos contato tanto com os profissionais que atuam no estado como professores e treinadores, ajudando os atletas e as crianças.